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José Papa

Suicídio na Adolescência


Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos últimos vinte anos, o suicídio cresceu 30% entre os brasileiros com idades de 15 a 29 anos, tornando-se a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida produtiva no País (acidentes e homicídios precedem). Infelizmente ainda há muito preconceito sobre o assunto, o que impede que órgãos públicos realizem campanhas esclarecedoras que visem à redução dessa taxa altíssima.

Segundo psiquiatras e psicólogos especialistas em infância e adolescência, muitos são os motivos colocados como responsáveis pelo aumento do suicídio na adolescência, como: problemas de relacionamento familiar, sentimental ou sexual; timidez; fracasso escolar; uso de drogas; todavia, esses fatores podem ser agravados se vierem acompanhados da depressão, que se apresenta como a principal causa de suicídio nessa faixa etária.


Para os especialistas, a explicação da causa do suicídio entre jovens não pode ser encontrada em um único fator precipitante, mas deve-se considerar a estória pregressa do jovem e seus conflitos anteriores. Há uma sucessão de problemas que ocorrem desde cedo e vão se acumulando até atingir um ponto insustentável na adolescência, que desencadeia a crise e a tentativa de suicídio.


O Espiritismo traz-nos excelentes contribuições sobre esse tema, que podem, em muito, auxiliar os pais nessa difícil tarefa de orientar e bem encaminhar o filho adolescente, trabalhando com os valores verdadeiros do Espírito imortal e minimizando os efeitos drásticos que o materialismo inocula silenciosa e gradativamente no âmago das famílias.

Na questão 385 de O Livro dos Espíritos, aprendemos com o Espírito Verdade que à partir da adolescência o Espírito reencarnado “retoma a sua natureza e se mostra tal qual era”.

Como o Espírito está reassumindo a sua personalidade e retomando a condução de sua vida na existência atual, é natural que deseje libertar-se da condução dada pelos pais à sua vida até então. No entanto, desde muito cedo os pais precisam ensinar o filho a ter responsabilidade e transmitir-lhe valores morais verdadeiros, para que possam, nesta fase, deixá-lo assumir as rédeas de seu destino, gradativamente e de forma produtiva.


Como consequência do despertar de sua personalidade, o adolescente anseia por liberdade e deseja mostrar-se como ele é, com seus próprios gostos e opiniões, o que gera uma certa dose de rebeldia. Esse comportamento pode ser agravado pelo excesso de repressão e pela ausência afetiva dos pais ou, pelo contrário, pelo seu protecionismo exacerbado e a concessão de mimos. Para minimizar esse tipo de problema, os pais podem analisar junto com seu filho, sem agressividade ou protecionismo, se há algo no relacionamento que justifique suas queixas e protestos, mostrando-se interessado em corrigir o erro juntos.


Como o adolescente ainda tem as suas emoções descontroladas, ele tenta integrar-se à realidade atual buscando apoio em um grupo de jovens e, se não tiver recebido uma educação pautada na responsabilidade e disciplina, ele pode perder a sua identidade e assumir a identidade do grupo. Nessa fase os pais devem ficar atentos para que o grupo não se torne um ponto de apoio aos desequilíbrios e más tendências do jovem, estimulando nele a liberdade sem responsabilidade, bem como as experiências pautadas no materialismo, no sensualismo e na frivolidade.


Há ainda um outro aspecto a considerar-se: na adolescência, todas as heranças de outras encarnações começam a emergir junto com a personalidade e, dentre elas, a sexualidade. O despertar da sexualidade na adolescência nunca ocorre sem conflitos, pois todos nós trazemos insatisfações profundas com relacionamentos de outras existências, repressões e preconceitos sociais variados, além de outros desequilíbrios graves na prática da sexualidade. Por isso, os estímulos oferecidos pelos pais devem ser muito positivos desde a infância: orientação, apoio e exemplos dignificantes, para que a sua formação moral se consolide em valores verdadeiros e imorredouros do Espírito.


Além do mais, violência urbana, a solidão familiar ou social, a rejeição, o bullying escolar e o tédio existencial gerado pela falta de perspectivas futuras podem estar presentes na vida de qualquer jovem, independentemente do nível sócio-econômico, levando-o a buscar nas drogas ou no uso abusivo de álcool, uma forma de prazer e de fuga da realidade. Essa é uma modalidade de suicídio, embora seja indireto e não intencional, devido aos estragos provocados no corpo físico, abreviando o tempo de vida do jovem ou expondo-o a situações de risco, como acidentes e brigas.


O jovem que aprende desde cedo a ter amor pela vida e a respeitar o seu corpo, que tem objetivos edificantes e espiritualizados, não buscará fugir de seus problemas através do suicídio ou do uso de entorpecentes e alcóolicos. Mas, para isto, precisará ter recebido de seus pais e educadores, orientações e exemplos morais dignificantes e verdadeiros, além de diálogo sincero, amor e respeito.


Márcia Pacciulio

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