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José Papa

Doutrina Espírita e Atualidades


Desde o mais distante passado, a Humanidade tem procurado uma razão de ser para a Vida, bem como a compreensão dos mecanismos da Natureza que a rodeia e da qual ela faz parte. Durante séculos, essa busca pelo conhecimento de tudo gerou razões filosóficas e científicas que sempre estiveram ativas, algumas vezes em franco confronto, de outras vezes em promissora união, caminhando juntas para a melhor compreensão da realidade.

Historicamente, desde a Antiguidade Clássica até a Idade Média, todo conhecimento era expresso através da Filosofia e as poucas iniciativas de investigação da Natureza visavam dar um apoio ou contrapor-se às propostas filosóficas. Somente a partir do século XVII é que começam a surgir, do seio da Filosofia, os diversos ramos das ciências, com seus próprios objetos e métodos, porque os pesquisadores começam a se especializar e a desenvolver suas próprias idéias.

Quando surgiram, as Ciências Naturais permaneceram por algum tempo atreladas ao dogmatismo religioso, mas gradativamente foram se libertando e tornando-se positivas, ou seja, passaram a apoiar suas teorias e conceitos em experimentos reais.

Foi nesse contexto histórico-científico que, em meados do século XIX, Allan Kardec traz à público a Doutrina Espírita, codificada por ele a partir de suas próprias pesquisas e deduções, acrescidas das orientações e revelações dos Espíritos Superiores. Para tanto, teve ele que desenvolver toda uma metodologia investigativa específica, apropriada à categoria de fenômenos com os quais trabalhou: os mediúnicos. Desvendando a realidade espiritual com suas leis específicas e naturais, pôde o Espiritismo dar uma grande contribuição à Humanidade nessa busca pelo conhecimento de tudo, propiciando-lhe um melhor entendimento sobre a sua origem, finalidade e destinação.

Sabiamente, Kardec e os Espíritos da Codificação deram ao corpo doutrinário Espírita um caráter tríplice: filosófico, científico e religioso, assumindo um papel conciliador entre a Ciência e a Religião, além de propiciar o desenvolvimento de uma fé raciocinada, pois que inteiramente embasada em fatos e leis naturais.

Absorvendo gradativamente as descobertas científicas e acrescentando-lhes uma finalidade espiritual, o Espiritismo se mantém sempre atual e conserva acesa a chama da religiosidade natural que habita no homem, agora iluminada pela razão.

Ao seu tempo, Allan Kardec desbravou a realidade espiritual utilizando como instrumento a mediunidade, mas, nas décadas que o sucederam, principalmente a partir do século XX, a Ciência Oficial também avançou a fronteira da realidade material e tem comprovado, ainda que não intencionalmente, os postulados espíritas e as leis espirituais.

Assim é que a Física Relativista de Einstein e o progresso nos instrumentos e técnicas de investigação astronômica desvendaram as leis do macrocosmo, demonstrando a imensidão do Universo e a possibilidade da existência de muitos mundos habitados, mais ou menos evoluídos que o nosso, levando os pesquisadores da área a investirem muitas horas de trabalho e muito dinheiro na procura por vida extraterrestre.

A Física Quântica e a Teoria das Supercordas quebraram o núcleo atômico em seus componentes infinitesimais, desvendando o microcosmo e rompendo a barreira entre matéria e energia; além de admitirem a existência de agentes ativos externos, chamados frameworkers (que nós chamamos Espíritos), capazes de agir sobre a energia do Universo (co-criadores), modulando-a e dando-lhe características de partícula atômica, que por sua vez, combinadas em moléculas, podem originar compostos específicos e cada vez mais complexos, inclusive em 11 dimensões diferentes, segundo os pesquisadores.

A Psicologia Transpessoal e as técnicas de regressão de memória desvendaram o inconsciente, comprovando que ele não é apenas o repositório de experiências da existência atual, mas o arquivo vivo e atuante de inúmeras experiências existenciais, a exercer uma influência ininterrupta no consciente, dando características à personalidade e traçando diretrizes de ajuste, quando necessárias. Surgem sempre mais pesquisas interessantes na área, demonstrando a imortalidade e a lei de reencarnação. Não poderíamos deixar de citar, também, as EQM (experiências de quase-morte), que vêm intrigando muitos pesquisadores, pela possibilidade de comprovarem a sobrevivência da consciência fora do corpo físico.

Na Biologia, primeiramente descobriu-se a existência de um campo organizador da forma (ao qual nós chamamos de perispírito), e posteriormente, com as avançadas técnicas de engenharia genética, ao desvendarem o Genoma humano e ao quebrarem a molécula de DNA, perceberam que o interior de sua estrutura espiralada era propício ao “aprisionamento” do campo organizador (ligação do perispírito às células).

A Ecologia, ciência que surgiu apenas alguns anos após a primeira edição de O Livro dos Espíritos, demonstrou a interdependência de todos os seres vivos da Natureza e a necessidade de solidariedade do Homem (como ser inteligente que é) com os seus irmãos da Criação, cobrando-lhe maior responsabilidade perante os fenômenos multidimensionais da Vida.

Vários grupos de pesquisadores em todo o mundo têm estudado os fenômenos anímicos e mediúnicos, com resultados promissores. Muitas descobertas interessantes apontam a glândula pineal como sendo a responsável pelos mais complexos fenômenos psíquicos, inclusive os mediúnicos.

A própria Medicina está sofrendo uma mudança de paradigma, tornando-se gradativamente mais espiritualizada e menos mecanicista, sendo que a OMS (Organização Mundial de Saúde), desde 1998 passou a definir saúde como sendo um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual. A obsessão espiritual também já é reconhecia como doença pelo CID (Código Internacional de Doenças).

São muitos os avanços e descobertas realizados pela Ciência Oficial que vêm corroborar os postulados espíritas, mas nos limitamos a apontar apenas alguns deles. Sendo assim, a Doutrina Espírita prossegue sempre atual e atuante, cumprindo com a sua missão de iluminar consciências e consolar corações, preparando o Homem para uma nova era, na qual os ideais mais espiritualizados prevaleçam e a fé raciocinada seja a bússola.


Márcia Pacciulio

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